Sepultaram o sonho de um autódromo na Bahia
“....o Governo não pode arcar com a construção e a manutenção de um autódromo.” Esta afirmação categórica do Secretário do Turismo do Governo do Estado da Bahia, Domingos Lionelli, em entrevista à revista StockCar nº 03, página 61 (já nas bancas), ratifica o que já venho alertando há muito tempo, a estratégia suicida de trazer provas de porte nacional para circuitos improvisados no meio das ruas e avenidas da cidade, o incrível, é que se não bastasse o erro da StockCar, estão ampliando o equívoco com a vinda da GT Brasil, também para correr nas avenidas do CAB.
Do ponto de vista do Governo do Estado a pauta do automobilismo está plenamente atendida, serão duas provas de peso nacional que incrementam a geração de divisas para o Estado e ainda promovem a Bahia através de mídia espontânea, quando critico a estratégia estou focando nos interesses dos pilotos baianos, que continuam sem um local para praticar o esporte e continuarão assim por mais um longo período se nada for feito de diferente.
Quando o Secretário afirma que a Bahia não tem condições de fazer e manter um autódromo devemos analisar que idéia de autódromo foi passada para ele, com que estimativa de investimento estatal e de custeio, este é o problema. Certamente tentaram vender a idéia de um Autódromo Internacional, padrão FIA, um equipamento deste não sai por menos de R$ 100 milhões, sem dúvida alguma, uma cifra que assusta qualquer governante.
Data Vênia, nobre secretário, diversas cidades do interior do Brasil, construíram e mantém autódromos, a exemplo de Santa Cruz-Rs, Londrina-Pr, Caruaru-Pe, este ano será anunciado o autódromo de Toledo no Paraná, o quarto daquele Estado, não há como comparar a capacidade de investimento do Estado da Bahia com a destes pequenos municípios, portanto a questão não é capacidade financeira e sim prioridades. É muito óbvio que com as provas nacionais acontecendo no CAB o autódromo deixou de ser uma necessidade, esse é o ponto, um erro crasso daqueles que fomentaram a idéia de provas de rua na Bahia, esta estratégia sepultou o sonho de um autódromo em terras baianas.
Com esse categórico NÃO do Governo do Estado, com a falta de capacidade de investimento de nossas Prefeituras Municipais, com a inviabilidade econômica de construção por parte da iniciativa privada, aos pilotos baianos agora só resta a união, união para construir com as próprias mãos, partir para uma estratégia alternativa, interna, de custo relativo, compartilhado, para isso precisamos de um grupo com credibilidade para capitanear este processo com transparência, ética e lisura.
Não sonhamos com um autódromo de padrão internacional, queremos uma pista simples, segura, pé no chão, dentro da nossa realidade, porém as poucas pessoas que comandam o automobilismo na Bahia não foram, nem são pilotos, daí a falta de foco na questão, são pessoas ligadas a área de promoção de eventos, não entendem o esporte automotor sob a ótica de quem pratica, de quem prepara um carro para pista, de quem sofre com a falta de apoio, de quem paga altas taxas para ter o direito de correr, não possuem a cabeça de quem é apaixonado por corridas de automóvel, os pilotos, nós só queremos ter um espaço seguro para acelerar, só isso.
Danem-se os eventos de grande porte, onde somos meros espectadores ou bandeirinhas ou comissários, queremos participar de um campeonato regional competitivo, onde possamos rasgar a reta, subindo marcha no limite de giros do motor, disputar uma freada sentindo o carro desgarrar, fazer a tomada e acelerar até o limite da pista, sentir à aproximação de um vácuo, são essas coisas que queremos; StockCar , Feraris e Lanborghinis podemos continuar vendo na TV.
Precisamos da união de todos em torno deste projeto: pilotos de velocidade na terra, velocidade no asfalto, arrancada e kart afinal o kartódromo está com os dias contados.
Este é meu último post do blog:
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